O Medo
Nos tempos do Taylorismo a fórmula mágica do sucesso consistia em dividir as tarefas em inúmeros pedaços repetitivos para evitar erros e anular o poder de tomadar decisões dos operários. O famoso sistema de linha de montagem, criado por Henry Ford.
A evolução da tecnologia passou a influenciar diretamente os modelos de produção, requisitando a capacitação técnica e ampliando os efeitos das escolhas de cada funcionário no ambiente de trabalho, tanto as boas escolhas quanto as más. Isso trouxe para a realidade tanto a concorrência por cargos de gestão dentro das empresas quanto a necessidade de desenvolvimento dos profissionais para competir com concorrentes externos. O trabalho tornou-se ao mesmo tempo livre das amarras do repetitivo, menos regrado pelas empresas e mais influenciado pelas necessidades de cada mercado com o qual a empresa troca influências.
Nos dias de hoje, a atualização constante e exponencial das tecnologias atropelou o ainda lento processo de evolução e capacitação dos profissionais, gerando um descompasso entre as interfaces e seus usuários.
Esse descompasso despertou um medo intrínseco dos profissionais maduros: o de depender, não apenas tecnologicamente, dos profissionais mais jovens e suscetíveis aos erros da inexperiência.
Esse medo generalizado despertou meu interesse ao perceber que muitas empresas de grande porte resolveram “renovar o sangue” nos últimos tempos. Ou seja, trocaram uma boa leva de profissionais experientes pelo pessoal jovem nos níveis gerenciais mais básicos, enxugando o quadro de funcionários e assumindo modelos de gestão mais enxutos.
A princípio, confesso, achei esse movimento meio absurdo. Considerei apenas que a base jovem da pirâmide, antigamente formada por estagiários e analistas, estivesse pressionando ainda mais os gerentes e diretores experientes apenas por conta dos pequenos desencontros com a tecnologia moderna por parte das gerações mais antigas.
Contudo pensei: Se o poder de decisão está (ainda) nas mãos dos experientes profissionais das gerações passadas, como eles poderão ceder tão facilmente às pressões da nova geração, ou a todo esse medo de ser substituído?
Pois hoje escutei na rádio CBN (04/09/2008; Rádio CBN) dois comentários incrivelmente coincidentes: um de Max Gehringer, intitulado “O Mercado de Trabalho está Desbalanceado” e outro de Gilberto Dimenstein, “Septuagenários no poder dividem espaço com jovens CEOs”. Ambos apresentam, embasados em pesquisas recentemente publicadas, o descompasso aparentemente desordenado entre as duas safras de profissionais que se encontram hoje no início da transição de poder dentro das empresas: a geração X e a geração Y. *
Ao contrário do que imaginei, estas duas gerações não são obrigatoriamente concorrentes em relação à evolução tecnológica ou ao controle dos cargos de gestão das empresas, pelo menos não imediatamente. As duas pesquisas mostram que, enquanto o jovem luta contra sua própria geração pelas vagas de início de carreira, as empresas começam a repensar sua atitude em relação às pessoas de mais idade, que apresentam disposição para manter cargos executivos nas empresas por conta dos progressos na medicina.
Em seu comentário, Gilberto cita como exemplo o caso do chairman da China Television Broadcast, que tem 100 anos de idade e comanda esta repartição da televisão estatal de seu país, dentre outros tantos com mais de 70 anos, que fazem suas empresas prestarem mais atenção na experiência, na serenidade e na intuição; características que os jovens ainda não alcançaram, em contrapartida à sua vitalidade e ao imediatismo de suas ações.
Aparentemente algumas instituições optam por chamar profissionais mais velhos ou já aposentados para participarem de seus conselhos ou até mesmo a assumirem cargos executivos novamente. É a necessidade do reforço da experiência sobre o mundo de entusiasmo que fervilha nas mentes mais jovens.
Foi com essa conclusão que re-avaliei meus próprios conceitos sobre a concorrência entre a geração X e Y no estágio atual dos mercados mundiais. Dado o momento delicado pelo qual passam todas as economias e com a emergência de novos mercados como o BRIC (conjunto de países emergentes, formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China), talvez seja realmente mais saudável pensar nessas duas gerações se complementando em seus cargos, não apenas concorrendo por eles, já que a competição é inevitável.
E será que aprendemos definitivamente a lição da década de 80, cantada filosoficamente por Raul Seixas há 25 anos? Terá o mundo compreendido, depois do Big Bang da Internet, o quão perigoso é deixar a carruagem dos negócios cavalgar a galope pelo desfiladeiro das inovações, sem nenhum condutor?
* Você pode acessar os comentários de Max Gehringer e Gilberto Dimenstein clicando em seus títulos aqui no Blog ou através do website da CBN.
A evolução da tecnologia passou a influenciar diretamente os modelos de produção, requisitando a capacitação técnica e ampliando os efeitos das escolhas de cada funcionário no ambiente de trabalho, tanto as boas escolhas quanto as más. Isso trouxe para a realidade tanto a concorrência por cargos de gestão dentro das empresas quanto a necessidade de desenvolvimento dos profissionais para competir com concorrentes externos. O trabalho tornou-se ao mesmo tempo livre das amarras do repetitivo, menos regrado pelas empresas e mais influenciado pelas necessidades de cada mercado com o qual a empresa troca influências.
Nos dias de hoje, a atualização constante e exponencial das tecnologias atropelou o ainda lento processo de evolução e capacitação dos profissionais, gerando um descompasso entre as interfaces e seus usuários.
Esse descompasso despertou um medo intrínseco dos profissionais maduros: o de depender, não apenas tecnologicamente, dos profissionais mais jovens e suscetíveis aos erros da inexperiência.
Esse medo generalizado despertou meu interesse ao perceber que muitas empresas de grande porte resolveram “renovar o sangue” nos últimos tempos. Ou seja, trocaram uma boa leva de profissionais experientes pelo pessoal jovem nos níveis gerenciais mais básicos, enxugando o quadro de funcionários e assumindo modelos de gestão mais enxutos.
A princípio, confesso, achei esse movimento meio absurdo. Considerei apenas que a base jovem da pirâmide, antigamente formada por estagiários e analistas, estivesse pressionando ainda mais os gerentes e diretores experientes apenas por conta dos pequenos desencontros com a tecnologia moderna por parte das gerações mais antigas.
Contudo pensei: Se o poder de decisão está (ainda) nas mãos dos experientes profissionais das gerações passadas, como eles poderão ceder tão facilmente às pressões da nova geração, ou a todo esse medo de ser substituído?
Pois hoje escutei na rádio CBN (04/09/2008; Rádio CBN) dois comentários incrivelmente coincidentes: um de Max Gehringer, intitulado “O Mercado de Trabalho está Desbalanceado” e outro de Gilberto Dimenstein, “Septuagenários no poder dividem espaço com jovens CEOs”. Ambos apresentam, embasados em pesquisas recentemente publicadas, o descompasso aparentemente desordenado entre as duas safras de profissionais que se encontram hoje no início da transição de poder dentro das empresas: a geração X e a geração Y. *
Ao contrário do que imaginei, estas duas gerações não são obrigatoriamente concorrentes em relação à evolução tecnológica ou ao controle dos cargos de gestão das empresas, pelo menos não imediatamente. As duas pesquisas mostram que, enquanto o jovem luta contra sua própria geração pelas vagas de início de carreira, as empresas começam a repensar sua atitude em relação às pessoas de mais idade, que apresentam disposição para manter cargos executivos nas empresas por conta dos progressos na medicina.
Em seu comentário, Gilberto cita como exemplo o caso do chairman da China Television Broadcast, que tem 100 anos de idade e comanda esta repartição da televisão estatal de seu país, dentre outros tantos com mais de 70 anos, que fazem suas empresas prestarem mais atenção na experiência, na serenidade e na intuição; características que os jovens ainda não alcançaram, em contrapartida à sua vitalidade e ao imediatismo de suas ações.
Aparentemente algumas instituições optam por chamar profissionais mais velhos ou já aposentados para participarem de seus conselhos ou até mesmo a assumirem cargos executivos novamente. É a necessidade do reforço da experiência sobre o mundo de entusiasmo que fervilha nas mentes mais jovens.
Foi com essa conclusão que re-avaliei meus próprios conceitos sobre a concorrência entre a geração X e Y no estágio atual dos mercados mundiais. Dado o momento delicado pelo qual passam todas as economias e com a emergência de novos mercados como o BRIC (conjunto de países emergentes, formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China), talvez seja realmente mais saudável pensar nessas duas gerações se complementando em seus cargos, não apenas concorrendo por eles, já que a competição é inevitável.
E será que aprendemos definitivamente a lição da década de 80, cantada filosoficamente por Raul Seixas há 25 anos? Terá o mundo compreendido, depois do Big Bang da Internet, o quão perigoso é deixar a carruagem dos negócios cavalgar a galope pelo desfiladeiro das inovações, sem nenhum condutor?
* Você pode acessar os comentários de Max Gehringer e Gilberto Dimenstein clicando em seus títulos aqui no Blog ou através do website da CBN.
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